8ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo promove a arte como forma de paz e união entre povos

De volta à Cinemateca, o tradicional evento da cidade de São Paulo lotou a sala Grande Otelo. Programação da Mostra segue até o dia 18

Com direito a casa cheia, foi iniciada na noite desta quarta-feira (14) a 8ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo. O já tradicional evento cultural da cidade de São Paulo retornou ao formato presencial (após os anos de pandemia) em um dos mais importantes espaços dedicados à sétima arte: a Cinemateca Brasileira.   

O presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), Lucca Gidra, realizou a abertura oficial do evento e destacou a importância do retorno da Mostra à Cinemateca.

“Esse dia de hoje é importante, pois nossa Mostra volta à Cinemateca Brasileira após dois anos de pandemia. Nós voltamos para esse espaço tão importante para o nosso país. Esse espaço de resistência, livre do obscurantismo, um espaço da Cultura brasileira”, destacou Lucca, ao agradecer a todos os funcionários e apoiadores da Cinemateca que resistiram aos repetidos ataques do governo Bolsonaro à instituição que preserva o principal acervo da cinematografia do nosso país.

Lucca Gidra, presidente da UMES-SP, durante a abertura da Mostra Mosfilm – Foto: César Ogata

TRADIÇÃO

O cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Vladimir Tokmakov, agradeceu ao CPC-UMES pela iniciativa da Mostra Mosfilm. Segundo ele, o evento já é uma tradição que homenageia a “arte mais importante de todas”.

“Uma boa tradição de cultura russa e soviética, cultura do meu país, porque história é história e ela continuará. Para nós o cinema é importante, pois este ano, festejamos os 100 anos da criação do Estado Soviético e como o criador da União Soviética Vladimir Lenin disse que o cinema é a arte mais importante de todas, porque o cinema nos faz refletir, pensar, amar, chorar, rir, entre muitas outras coisas”, disse Tokmakov na abertura.

“Todos os filmes que produzimos sobre a guerra patriótica são verdadeiros e esses filmes nos ajudam a entender hoje o porquê da Rússia não querer nenhuma guerra, porque perdemos durante a Segunda Guerra Mundial 27 milhões de vidas e nós, junto aos nossos amigos brasileiros, lutamos contra o nosso inimigo em comum, o nazifascismo. Então temos que continuar trabalhando juntos, neste sentido”, ressaltou.

Cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Vladimir Tokmakov – Foto: César Ogata

RELAÇÃO RÚSSIA-BRASIL

O diretor-geral do Mosfilm, Karen Shakhnazarov, enviou um vídeo com uma mensagem ao público brasileiro. Ele agradeceu ao público da Mostra que realizam “uma “inestimável contribuição que, a meu ver, estão dando para o desenvolvimento de contatos culturais entre a Rússia e o Brasil”.

“A programação que vocês verão foi selecionada pelo Estúdio Mosfilm junto com nossos amigos brasileiros, na verdade, a partir de uma seleção inicial feita pela equipe do CPC-UMES. São ao todo 16 filmes que vocês verão apresentados na Mostra”, disse.

“Considero todos filmes muito interessantes, muito relevantes, filmes que certamente permitirão ao público brasileiro entender melhor o desenvolvimento do cinema soviético e russo e darão uma ideia de que tipo de esforços criativos os cineastas russos e soviéticos se propuseram”, destacou.

Diretor-geral do Mosfilm, Karen Shakhnazarov, enviou mensagem ao público da Mostra – Foto: César Ogata

A ARTE UNE

O presidente do Centro Popular de Cultura da UMES (CPC-UMES), Valério Bemfica, destacou, durante a abertura da Mostra, que esta edição está repleta de novos significados, já que é a primeira de retorno ao formato presencial, após os anos de pandemia. “Graças à ciência e às vacinas, vencemos o negacionismo”, disse.

 Ele relembrou ainda que a Mostra precisou ser adiada em 2021 em decorrência da falta de apoios por conta do conflito Rússia-Ucrânia. “Em 2021, a Mostra precisou ser adiada, pois alguns dos parceiros não conseguiram entender que a arte une, não divide, promove a paz, não a guerra”.

RETORNO À CINEMATECA

Valério ressalta ainda a vitória da 8ª Mostra Mosfilm ser realizada na Cinemateca após os anos de destruição do governo Bolsonaro. “Comemoramos nossa volta ao maravilhoso espaço da Cinemateca Brasileira. Espaço que viu nascer a Mostra de Cinema Soviético e Russo e que abrigou cinco de suas edições. Um importantíssimo patrimônio da cultura brasileira, que quase foi fechado pela ignorância e pelo arbítrio”, disse.

“Graças à mobilização do povo brasileiro e à força dos militantes da cultura, vencemos o obscurantismo”, destacou.

HOMENAGEM

O presidente do CPC-UMES homenageou também o idealizador da Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo e do trabalho cultural da UMES, Sérgio Rubens de Araújo Torres, falecido em dezembro de 2021.   

“Em dezembro do ano passado perdemos um importante companheiro de jornada: Sérgio Rubens de Araújo Torres, um dos fundadores do CPC e idealizador dessa Mostra. Foi uma perda incomensurável para a cultura brasileira, para a luta de nosso povo e para cada um de nós, seus amigos”, disse Valério emocionado.

“A programação de todas as nossas Mostras inclusive da atual – teve a sua direção direta. Na fruição de cada um dos filmes, sentiremos sua presença. É uma forma de aplacar a saudade, que não conseguiremos vencer… A 8ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo é dedicada a ele. Viva Serjão!”, concluiu.

Presidente do CPC-UMES, Valério Bemfica – Foto: César Ogata

A MOSTRA

A Mostra Mosfilm é uma realização do CPC-UMES Filmes, em parceria com a Cinemateca Brasileira e a Embaixada da Rússia no Brasil. Também conta com o apoio da Agência de Assuntos da Comunidade dos Estados Independentes da Federação da Rússia (Rossotrudnichestvo), Sputnik Cultural e Associação Cultural Grupo Volga de Folclore Russo.

O primeiro filme exibido nesta edição da Mostra foi o drama “Vladivostok” (2021), último lançamento do Estúdio Mosfilm nos cinemas e inédito no circuito brasileiro, dirigido por Anton Bormatov e com roteiro e produção executiva de Karen Shakhnazarov, diretor geral do estúdio. O filme aborda a relação entre um soldado desertor do Exército Russo, Viktor, e a jovem moscovita Nike, na cidade do extremo oriente russo.

Ao longo desta semana, o público terá acesso a verdadeiras obras primas da cinematografia soviética e russa. Serão 16 longas metragens exibidos até o domingo (18). Este ano, a Mostra realiza homenagens a duas datas de total relevância para a cultura mundial: o aniversário de 200 anos do grande escritor russo Fyodor Dostoievski, um dos maiores romancistas e pensadores da história da literatura, e os 100 anos do premiado diretor e roteirista Yuri Ozerov, realizador de mais de 20 filmes, entre documentários e longas metragens.

“O Idiota”, dirigido pelo consagrado Ivan Pyryev e lançado em 1958, é baseado na primeira parte do romance de Dostoievski, e destaca-se pela fidelidade ao texto original e pela atuação de Yuri Yakovlev, ator que ganhou destaque internacional justamente por conta da repercussão do filme.

De Yuri Ozerov, está na programação a série “Libertação”, de 5 filmes, completa. Recentemente restaurado pelo Estúdio Mosfilm em 4K, o épico é considerado uma referência entre os filmes de guerra, e é uma coprodução da União Soviética com Itália, Alemanha Oriental, Iugoslávia e Polônia. Ozerov o concebeu entre 1967 e 1971, retratando os momentos mais importantes da Segunda Guerra Mundial: a batalha de Kursk, a travessia do Dnieper, a libertação de Kiev, a conferência de Teerã, as intensas batalhas por Berlim e a tomada do Reichstag, a rendição da Alemanha nazista e a conferência dos chefes da coalizão anti-Hitler em Yalta.

ANDRÉ SANTANA
TIAGO CÉSAR

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Informações Gerais:

8ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo
De 14/12 a 18/12/22

Cinemateca Brasileira

Largo Senador Raul Cardoso, nº 133, Vila Clementino, São Paulo/SP
Telefone: (11) 5906-8000
Entrada gratuita

Veja a programação completa e a sinopse dos filmes:

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